O que há para ser dito que não foi?
O que há para ser visto que não foi?
O que há para ser cantado que não foi?
O que há para ser sentido que não dói?
Não vi Pelé jogar, Vinicius escrever, nem Elvis cantar,
tampouco vi o mundo sorrir.
Só me restaram bombas, aviões, homens e o vazio.
E nasci…
chorando a dor das gerações que estão por vir.
Me alimentei de ecos e restos
e amores já vividos e enterrados.
Cresci,
envelheci antes de ser jovem.
E agora que o sou, o que sou?
O gelo de uma era é o choro de uma vida.
Derrete, ainda que devegar,
nos alcança, desperta, devora;
e por fim afoga-nos,
entre soluços, perdões e desculpas.
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