sexta-feira, fevereiro 08, 2008

Meus dias

O que há para ser dito que não foi?
O que há para ser visto que não foi?
O que há para ser cantado que não foi?

O que há para ser sentido que não dói?

Não vi Pelé jogar, Vinicius escrever, nem Elvis cantar,
tampouco vi o mundo sorrir.
Só me restaram bombas, aviões, homens e o vazio.
E nasci…
chorando a dor das gerações que estão por vir.

Me alimentei de ecos e restos
e amores já vividos e enterrados.
Cresci,
envelheci antes de ser jovem.

E agora que o sou, o que sou?

O gelo de uma era é o choro de uma vida.
Derrete, ainda que devegar,
nos alcança, desperta, devora;
e por fim afoga-nos,
entre soluços, perdões e desculpas.

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