Por que a alegria não me traz palavras?
Quero mantê-la guardada em meu egoísmo
Narciso que sou.
E a dor, tristeza e ódio, compartilho convosco.
Carrasco que estou.
Devo cantar salmos, reger os anjos?
Desafiar o demônio, entregar-me a carne
Se a carne é difícil de digerir?
Devo ater-me ateu
Negando quem sou?
Ou hei de elevar-me e partir
Negando o que sou?
O choro contido, a dor ilusória
A negação da verdade e o amor, onde estão?
Por favor, venham verbos bons, substantivos celestes
Cheguem mais, não tenham medo, não sintam vergonha.
Porque dentro do meu coração vão perecer
Junto a carne transmutada em pó.
E aqui, no mundo dos homens serão imortais
Irônica contradição.
Saiam do espírito e sejam atemporais
Permaneçam com um filho de Deus e morram.
Pois, o que são as palavras, senão matéria?
Condenadas ao esquecimento, seja na dissolução do papel
Ou na morte da memória.
Mas que venham alegrar-nos um instante, este sim, imortal.
Nenhum comentário:
Postar um comentário